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21.11.05

Tá cansada, senta.
Se acredita, tenta.
Se tá frio, esquenta.
Se tá fora, entra.
Se pediu, agüenta.

Se sujou, cai fora.
Se dá pé, namora.
Tá doendo, chora.
Tá caindo, escora.
Não tá bom, melhora.

Se aperta, grite.
Se tá chato, agite.
Se não tem, credite.
Se foi falta, apite.
Se não é, imite.

Se é do mato, amanse.
Trabalhou, descanse.
Se tem festa, dance.
Se tá longe, alcance.
Use tua chance.

Se tá puto, quebre.
Tá feliz, requebre.
Se venceu, celebre.
Se tá velho, alquebre.
E corra atrás da lebre.

Se perdeu, procure.
Se é seu, segure.
Se tá mal, se cure.
Se é verdade, jure.
Quer saber, apure.

Se sobrou, congele.
Se não vai, cancele.
Se é inocente, apele.
Escravo, se rebele.
Nunca se atropele.

Se escreveu, remeta.
Engrossou, se meta.
Quer dever, prometa.
Pra moldar, derreta.
E não se submeta.

Do it [Lenine]

18.11.05

"...rostros que realmente son máscaras..."
Cierva de un sólo lado [J.L.Borges]

"Nunca saberemos o que é uma parede, uma faca, uma fonte, uma tartaruga, porque delas só temos a imagem (uma percepção sensorial) e a idéia (uma abstração intelectual), ou seja, máscaras, interfaces com as quais dialogamos sem saber se algo mais se esconde por trás delas."
Posfácio de Contos Fantásticos no Labirinto de Borges [Braulio Tavares]

15.11.05

Vou fazer a louvação
Louvação, louvação
Do que deve ser louvado
Ser louvado, ser louvado
Meu povo, preste atenção
Atenção, atenção
Repare se estou errado
Louvando o que bem merece
Deixo o que é ruim de lado
.
.
Louvo quem espera sabendo
Que pra melhor esperar
Procede bem quem não pára
De sempre mais trabalhar
Que só espera sentado
Quem se acha conformado

Vou fazendo a louvação
Louvação, louvação
Do que deve ser louvado
Ser louvado, ser louvado
Quem estiver me escutando
Atenção, atenção
Que me escute com cuidado
Louvando o que bem merece
Deixo o que é ruim de lado
Louvo agora e louvo sempre
O que grande sempre é
.
.
Louvo a amizade do amigo
Que comigo há de morrer
Louvo a vida merecida
De quem morre pra viver
Louvo a luta repetida
Da vida pra não morrer

Vou fazendo a louvação
Louvação, louvação
Do que deve ser louvado
Ser louvado, ser louvado
De todos peço atenção
Atenção, atenção
Falo de peito lavado
Louvando o que bem merece
Deixo o que é ruim de lado
.
.
Louvo o jardim que se planta
Pra ver crescer a roseira
Louvo a canção que se canta
Pra chamar a primavera
Louvo quem canta e não canta
Porque não sabe cantar
Mas que cantará na certa
Quando enfim se apresentar
O dia certo e preciso
De toda a gente cantar

E assim fiz a louvação
Louvação, louvação
Do que vi pra ser louvado
Ser louvado, ser louvado
Se me ouviram com atenção
Atenção, atenção
Saberão se estive errado
Louvando o que bem merece
Deixando o ruim de lado

Louvação [Gilberto Gil/Torquato Neto]

7.11.05

Eu vou ouvir uma música assim:
Que expurgue água e verme
Que zuna um ruido leve
Que zombe a rua do eco
Que eu perca de cor
Que se preste ao calor
Que me faça calar

Uma que sirva na luz
da manhã de domingo
E que o domingo seja agora
E que agora não demore
Domingo, demais.

[Eliza Alves]

5.11.05

1- O põe.tu de parto.ída
Quando você olhar para algum corpo que não seja tão perfeito.
Olhe direito, pois todo olhar contém seu defeito.
É estranho, né? Mas a realidade é que ninguém sabe o verdadeiro conceito de um preconceito.
Já imaginou se algum dia num final de tarde, alguém chegar ao seu lado , bem devagarzinho e lhe falar bem baixinho. O quanto você é feio? Você vai chorar? Vai cantar? Vai se rebolar ou pedir penico?

2- A mente.ira
Olhar e não enxergar cansa.
Eu acredito na simplicidade do ser humano que vive à procura da verdade, que se embola, fede, crê ou pede esmola e que nas tardes de domingo se reúne com a galera para jogar bola. Uma personalidade bem mais sólida.
Mas é isso aí macho rei, deixa para lá. A máscara, a mentira e o cansaço, todos fazem parte de sua vida como uma ferida, conviva com isso, mas não me incomode. Por que eu estou na paz, eu só quero a paz e neste momento só te peço que me esqueças.

Cidadão Instigado [Fernando Catatau]

2.11.05

Achei que estava deixando o menino entediado.
Disse que precisava dar uma passada no banheiro, me mostre onde fica, boy.
Segunda porta à esquerda.
Fiquei alguns minutos sentada no vaso, hipnotizada pelos sapatos vermelhos.
Talvez muito arrumados pra ocasião.
É pena, eu sei, esperava uma outra atmosfera.
Nada de salão branco com grandes bolas decorativas.
Nada de calça tweed, nem Martini. Je suis desolée.

Quando saí do corredor, o menino me esperava de pé em seu suéter.
As mãos nos bolsos da calça.
O nervosismo estampado.
Então, vamos?
Ele falou sem jeito, feito os meninos de 17 anos que colecionam peixes em aquário. Me veio um branco total.
Não me lembrava mais o motivo daquela visita, o quê diabos eu estava fazendo na casa do menino, de onde nos conhecíamos, será que ele esperava que eu lecionasse francês e literatura?

Recolhi a minha bolsa de paetês no sofá e lhe dei um beijo na bochecha.
Preciso ir.
Me leve até a porta, boy.
Cara de pastel, mané, bocó, gente que não come abobrinha.
Vamos, boy, não seja mal educado e me leve até a porta.
Sorri doce e cinicamente.
Tchauzinho pelo vidro do elevador.
Não suporto essa acne dos rapazes.
Adeus, boy.

[Alice Sant'Anna]

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